Queridos blogueiros, passei um bom tempo pesquisando sobre os tipos de respiração para o canto e tive dificuldades em encontrar o tema na internet. Por isso, estou compartilhando com vocês o que achei em alguns livros de pesquisa. Espero auxiliar a quem precisa de ajuda (como eu precisei).
Essa pesquisa é parte do meu trabalho acadêmico, que teve como tema Técnicas vocais e Exercícios Lúdicos para adolescentes.
Helen França
RESPIRAÇÃO
De
acordo com Coelho (1994):
Devido à posição hípede e
vertical, habitualmente o ser humano abandona o esquema abdominal-intercostal
ou costo-diafragmático e adota o esquema toráxico-clavicular, mais desgastante
e responsável por muitos males, tais como cardiopatias, problemas posturais,
disfonias, ansiedade e comprometimento do autocontrole. (COELHO, 1994. p. 35).
O
aluno de técnica vocal deve estar ciente de que o ser humano, à medida que se
desenvolve, perde a tendência natural de uma respiração que seria adequada para
o canto. Além disso, o educador deve expor a importância da respiração adequada
não só como exercício de técnica vocal, mas como algo bom a ser utilizado na
vida de forma geral.
Para
esclarecer ao aluno, esse deverá saber o mínimo sobre o processo natural
respiratório: na respiração há troca de gás carbônico (presente no sangue) pelo
oxigênio (recebido do ambiente).
A
inspiração é um processo natural e involuntário, ocorrendo quando o corpo pede
oxigênio e o cérebro dá o comando ao diafragma para se mover. Este se contrai e
suga o ar para os pulmões.
Quando o diafragma
retorna à sua posição de repouso (em cima), ocorre a expiração.
O maior problema
enfrentado pelos cantores, especialmente os principiantes, é a má utilização da
respiração. Quando ela é feita de maneira inadequada, há uma pressão excessiva
ou a falta de pressão que vêm a causar emissão vocal incorreta.
A propósito, a maioria dos erros
respiratórios se dá por excesso e não por falta de ar. A tranquilidade com
relação à garantia de suficiência de ar é realmente fundamental para quem canta
e deve ser trabalhada através de exercícios respiratórios e de constantes
reflexões. (COELHO, 1994. p. 36).
Por isso, o educador
terá por responsabilidade pedir ao grupo que evite exagerar no momento da
inspiração. Deve haver um controle na entrada e saída de ar e os alunos devem
ser conscientizados sempre dessa importância enquanto cantores. Manso (1975)
também cita o tema em sua apostila “evolução da técnica vocal”: “À medida que o
aluno for aprendendo, tira-se o exagero. Quando empregada em vocalizes ou
pequenas peças, deverá ser calma e silenciosa”.
Neste curso serão
abordadas três tipos de respiração que são indicadas para o canto:
diafragmática ou abdominal; intercostal ou costo-diafragmática; mista, completa
ou costo-diafragmatica-abdominal. A respiração clavicular ou toráxica é nociva
para a prática do canto, pois através dela o diafragma não encontra expansão
necessária, além de tencionar excessivamente o pescoço, os ombros e
consequentemente a laringe.
3.2.1.
Respiração diafragmática ou abdominal: É assim chamada porque
a musculatura mais ativa dessa respiração é a abdominal.
Na inspiração, os músculos se
distendem, o diafragma se abaixa, havendo consequentemente um aumento no
abdômen, que vem para a frente. Na expiração, há o inverso. O diafragma sobe
ficando em curva, os músculos abdominais se contraem, havendo em consequência
uma diminuição no abdômen. (MANSO, 1975. p. 3).
Quando os músculos do
abdômen se contraem na expiração, o aluno é incentivado a manter os músculos
contraídos e por isso, pode ajudar a técnica de pensar na “barriga para fora”.
No início desse estudo
e quando surgirem dificuldades maiores quanto ao uso desse tipo de respiração,
os alunos serão incentivados a trabalhá-la deitados com um livro apoiado sob o
abdômen de forma que o sintam mexer aos inspirar e expirar.
3.2.2.
Respiração intercostal ou costo-diafragmática: Tem
por objetivo encher a parte média e alta do pulmão. Dilatam-se as costelas na
inspiração. Nessa respiração o aluno será estimulado a manter as costelas
abertas enquanto expira.
3.2.3.
Respiração mista ou costo-diafragmática-abdominal: Após
os estudos das respirações anteriores, essa será trabalhada de forma a unir as
duas respirações – diafragmática e intercostal.
Para tornar o exercício
da respiração mais lúdico, o estudo será trabalhado através de técnicas de apoio
em duplas, com os alunos deitados nos bancos ou mesmo caminhando pelos espaços
da sala.
Coelho (1994)
incentiva, em todo o momento, após a exposição de exercícios para o treino, a
reflexão sobre o que foi sentido pelo aprendiz. Portanto a reflexão e conscientização
serão sempre utilizadas como técnica para fixação deste conteúdo prático.
BIBLIOGRAFIA:
COELHO,
Helena de Souza Nunes Wöhl. Técnica
vocal para coros. São Leopoldo, RS: Sinodal, 1994.
MANSO, Maria
Santos. Evolução da Técnica vocal. Tese
de Concurso de Assistente da Cadeira de Canto da Universidade Federal da Bahia.
Bahia, 1975.